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Foto do escritorRenatha Ribeiro

CARTA ABERTA SOU TRANS, E AGORA COMO LIDAR

Já parou para pensar no processo de formação em que uma pessoa trans vive, e as inseguranças que permeiam a mente de uma pessoa trans… Rejeição familiar, o medo de perder o emprego; enfim, Como mulher trans, e no mês da visibilidade trans, janeiro, 29, chego à conclusão de que relacionamento saudável exige conversa difícil, e sim, para muitas pessoas trans este processo de compreensão do que se é, mais a autodeclaração, e externar para aqueles com quem nos importamos são questões que, até nos declararmos trans ficam latentes em nossa mente.


Mas calma, com o passar do tempo tudo se encaixa, e a nossa confiança vai aumentando junto com o apoio daqueles que realmente se importam.


Ser uma pessoa trans é questão de mente, como você se enxerga, vive e sobrevive; não há uma cartilha ditatorial do que se fazer, como ou quando, mas baseando-me em questões pessoais e em relatos do que eu já vi, ouvi e vivi, compartilho aqui algumas propostas do que se fazer para que este processo , seja lá em qual âmbito for - pessoal, familiar, social, profissional, corporativo - ocorra de maneira saudável.

Primeiro passo é não apressar a conversa, confie em quem você é. Você está em um processo de autodescoberta que pode ser muito recompensador. Ninguém deve forçá-lo a se assumir transgênero. Não apresse essa decisão pelos outros, faça tudo com o maior planejamento possível, por você e para você.


Em seguida, vejo a compreensão do que se é, e se houver necessidade de um auxílio para esta compreensão, o SUS - Sistema Único de Saúde - oferta todo o procedimento multiprofissional - psicologia, serviço social, endocrinologia, etc.


Escolha pessoas de confiança para conversar, e se esta questão faz com que você tenha pensamento suicida, entre em contato com o CVV - Centro de Valorização da Vida que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone 188, email e chat 24h -. Você não está só.


Há a possibilidade de familiares, alguns amigos e colegas de trabalho se afastarem e se recusarem a falar com você, tal comportamento é, de fato muito frequente, consequência de ignorância, influência de questões sócio-religiosas e da resistência à mudança. Lembre-se que este comportamento não fala sobre você, mas sim sobre o outro. Busque essa fonte de energia em outras redes- amigos, algum parente próximo e até mesmo o Rh, ou o departamento de inclusão da sua empresa- é o ideal.


Converse sobre identidade de gênero de forma carinhosa, aberta e direta com seus amigos, familiares, funcionários e, por que não, com seus colaboradores/clientes. Afinal você pode estar se identificando como pessoa trans, e/ou ter em sua equipe alguém que esteja neste processo de identificação e, para afinar laços, contratos e negócios, a empatia é fundamental.


A princípio, as reações podem ser das mais diversas, desde apoio até frustrações, reação de choque, temer por sua segurança, te excluírem do happy hour no final do expediente, tentar fazer você mudar de ideia, enfim, mantenha a calma, respire fundo, se tiver que chorar; chore, apenas não se exalte, e não aja por impulso, pelo calor do momento. Compartilhe, se possível, sua jornada e seu desejo de fazer a transição de gênero. Dê tempo para que te respondam, e entenda que as primeiras reações podem não representar como eles se sentem no futuro.


Busque conselhos com amigos e familiares de confiança, inverta os questionamentos, leve-os a refletir sobre as dificuldades que eles já passaram na vida e como conseguiram resolver determinada situação. Não ter conhecidos transgêneros não significa que a pessoa também não tenha passado por problemas com a própria identidade. Por exemplo, você poderia perguntar algo como "Alguma vez já sentiu que não pertencia a algum lugar, ou que não se encaixava em alguma situação?, ou como você se descobriu cisgênero?". TODOS nós já nos sentimos, em algum momento, diferentes ou incompreendidos; use essas narrativas como ferramentas de conexão/ aproximação entre você e os seus.


Se está sem saber o que fazer, procure, em seu trabalho pelo head de inclusão (se não houver, aborde/questione o líder/gestor da sua área, até mesmo o rh ou a comunicação interna da empresa; eles podem guiar essas mudanças), ou especialistas que já ajudaram pessoas em situações parecidas com a sua. Converse com um médico sobre mudanças físicas, incluindo terapia de reposição hormonal ou cirurgias. Um psicólogo o ajudará a pensar melhor nas suas decisões e a lidar com suas preocupações.


E por fim, mas não menos importante, conecte-se com a comunidade LGBTQIAP+ , pessoalmente ou pela internet, há pessoas que já passaram por tudo isso e podem te ajudar neste processo. Não se sinta só, nem se isole neste momento. Conversar com pessoas na mesma situação é de grande valia, acredite!


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