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Mulher Negra e Cargo de Liderança: Incompatibilidade ou falta de oportunidade?


Ser mulher negra no Brasil é um ato de sobrevivência; de resistência. Embora, segundo dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- uma parte significativa da população brasileira, 54%, se autodeclara negra (preta ou parda) as mazelas enfrentadas pelo povo preto, mesmo sendo, segundo estatística, maioria, são inúmeras.


No mercado de trabalho não seriam diferentes, ainda mais para a mulher negra - uma vez que a cultura do branqueamento reverbera à mulher; quanto mais retinta, mais distante ela estará das oportunidades do meio corporativo.


Debates em torno de questões raciais têm ganhado espaço/ visibilidade no ambiente profissional, empresas criam grupos de afinidade, fazem eventos em datas importantes e afins, mas ainda está longe de uma equiparação saudável e necessária. A TRIWI (www.triwi.com.br) – consultoria em Marketing Digital, apresenta a pesquisa exclusiva “Representatividade das Mulheres nas Empresas”, que visa entender qual a representatividade das mulheres no meio corporativo. Entre as perguntas, está o questionamento sobre a existência de mulheres negras em cargos de chefia e aí que vem a problemática, pois, 1 em cada 4 empresas não tem mulheres negras entre seus funcionários.


Sobre o percentual de mulheres negras na empresa, a pesquisa aponta que 46,8% das empresas entrevistadas contam com apenas 10% do quadro de funcionárias representado por mulheres negras. Seguido pelo alarmante resultado que 24,2% das empresas não contam com mulheres negras no quadro de funcionários.


Já a 99jobs entrevistou 116 mulheres negras líderes - gestoras, diretoras e coordenadoras - 64% são hiper qualificadas (pós, doutorado, MBA, idiomas), mas só são levadas a sério quando agem com mais firmezas do que líderes homens, por exemplo. “É ser silenciada em reuniões na qual eu sou a especialista no assunto. É ser duvidada e sentir que precisa fazer três vezes mais esforço, trabalhar 12 horas por dia, pra alcançar o que a maioria das pessoas não-negras têm. Mas também é fonte de força e coragem pra incentivar e ajudar outras mulheres negras a chegarem lá e ser, todos os dias, uma inspiração para mim mesma.” diz uma das entrevistadas.


Ou seja, não se trata de uma incompatibilidade por falta de competências ou qualificação e sim, pelas barreiras interseccionais que se somam: o machismo e o racismo.


Sobre os cargos de liderança, é preciso que seja um reflexo daquilo que é a nossa sociedade. Se o Brasil é um país em que a maior parcela da população é negra e mulher, uns dos muitos questionamentos que ficam são: onde está, então, essa representatividade? Onde estão as mulheres negras nos cargos de liderança?

Em 2015, a atriz negra norte-americana, Viola Davis, ao receber o Emmy de melhor atriz dramática, em seu discurso, disse: Na minha mente, eu vejo uma linha. E sobre essa linha eu vejo campos verdes, e flores lindas, e belas mulheres brancas com seus braços esticados para fora sobre essa linha. Mas eu não consigo chegar lá, não sei porque. Eu não consigo superar essa linha.


Harriet Tubman disse isso em 1800 e completa – E deixe-me dizer uma coisa, a única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem – Enfim, para que mulheres negras possam ascender a cargos de gestão, supervisão, coordenação e direção é essencial que a empresa oferte o que Viola Davis disse em seu discurso: OPORTUNIDADES; criação de cursos complementares às suas funcionárias, ações afirmativas de contratação, realize processos de mentorias e possibilite que suas funcionárias negras sejam envolvidas em novos desafios para se desenvolverem.

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