por Vanessa Lemos
Este artigo é a minha reflexão sobre o que tenho lido sobre "quiet quitting". Eu sou uma mulher com 45 anos que construiu uma carreira e tem 3 filhas, e por isso, esta reflexão vem diretamente da minha própria perspectiva de mundo. Para a minha geração era muito comum ouvir o quanto precisávamos nos esforçar para chegar em algum lugar e na perspectiva feminina, precisaríamos nos esforçar 2, 3, 4x mais para conseguir competir em pé de igualdade com os homens.
No momento em que entrei no mercado de trabalho, não estava em pauta uma família colaborativa ou equidade de gênero, a gente precisava dar conta de tudo mesmo e de preferência sem burnout. Mesmo hoje, com tantas evoluções, confesso que ainda não vejo tantas transformações neste sentido.
Existia um senso comum de que ser workaholic tinha um “Q” de glamour, um sucesso que chegava a partir de um esforço sobre humano e que na verdade, até te afastava da humanidade, com uma geração toda de líderes bastante focada em controle e comando e muito pouco em relacionamento.
A metáfora da guerra utilizada no mundo dos negócios, corroborava com a ideia de que se precisava “dar o sangue”, “lutar até o fim”, “vencer a qualquer custo”, levando as pessoas a exaustam, ao adoecimento no trabalho ... e como nos anos 90 não existiam as redes sociais, a gente sofria em silêncio, de maneira solitária e seguindo o fluxo de um trabalho cada vez mais exigente, em um mercado cada vez mais competitivo.
Mas as pessoas evoluem, uma nova gerações surge, a tecnologia avança e eventos inesperados acontecem e estimulam a reflexão.
O fenômeno da Grande Resignação já deixou todo mundo em choque, principalmente, aqui no Brasil, como é possível, em um país com mais de 10 milhões de desempregados, 500 a 600 mil pessoas pedirem demissão todos os meses?
E agora o Quiet Quitting ou Demissão Silenciosa.
O que é isso?
Quiet Quitting ou Demissão Silenciosa é um comportamento organizacional que no meu ponto de vista, está diretamente relacionada à satisfação com o trabalho e ao equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
Li em alguma matéria que “se você não está feliz no trabalho pode usar este comportamento como estratégia para evitar pedir demissão” e isso transmite a ideia de procrastinação no trabalho o bom e velho “empurrar com a barriga”.
Em outro artigo, li que se você não está feliz no trabalho pode usar este Se você está infeliz no trabalho, mas deixar seu emprego não é uma opção ou não há alternativas atraentes, você pode tentar a "demissão silenciosa". Em um twitter postaram que é apenas fazer o seu trabalho, dentro do horário determinado e acordado em contrato e equilibrar com a vida pessoal, definir limites.
Para mim, a melhor definição para a Demissão Silenciosa (nome que deve ter sido dado por alguém que não acredita no equilíbrio pessoal e profissional) é que finalmente, as pessoas pararam de sonhar com o balanço ideal entre trabalho e vida e agora estão agindo, de fato, para que isso ocorra.
Eu sempre sonhei em ser mais equilibrada e busco este equilíbrio entre vida pessoal e trabalho todos os dias, muitas e muitas vezes fracasso. Mas sinceramente, espero ver minhas filhas, mulheres felizes e bem-sucedidas sem a necessidade de ter um burnout no meio do caminho.
E eu chamaria este fenômeno de “effective awareness”, conscientização eficaz, ou seja, tomamos consciência e atuamos, ajustamos nosso comportamento a partir desta nova maneira de encarar o trabalho.
Talvez, este seja o legado das gerações X e Y para as novas gerações, acreditar que nenhum CPNJ vale um AVC, talvez este seja um grande aprendizado da geração Z com as gerações anteriores, o trabalho não é o começo, meio e fim das nossas vidas, é parte importante que constitui a nossa existência e viabiliza a construção de um futuro. Quem sabe?
Mas o fato é que o trabalho não é o todo, é uma parte da nossa vida. Difícil é aprender a encarar desta forma e equilibrar tudo e compreender quem já entendeu e está colocando isso em prática. Faz sentido?
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